segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Figura Humana: Introdução

Com modelo ou sem modelo?Gente, às vezes dá pra pagar um modelo, outras, não. O legal mesmo é chegar na cara de pau, numa aula de modelo vivo em uma faculdade pública e pedir para fazer aula de ouvinte. Em curso pago você não vai ter a menor chance, mas em faculdade pública vai ser mais fácil, ainda mais quando estiver no meio do período, quando a maioria já desistiu.

Figura Humana, em Belas Artes hoje em dia, é como treinamento do Bope. Quando o aluno chega falando que vai ser artista abstrato, que tem o próprio estilo e que sua visão do mundo é muito diferente da do professor e de todas as outras pessoas, a primeira coisa que vem na cabeça é: "Nunca serão!".

Ao contrário da primeira figura, esta foi feita com um modelo. Se você não tem dinheiro para pagar um modelo para ficar paradinho para você, ofereça algo que tome a concentração do modelo totalmente. Poses de vinte minutos são para profissionais! Se você tiver a possibilidade de observar um modelo inexperiente, após dez minutos já acontecem espasmos involuntários nos músculos das pernas, braços ou rosto. Ser observado é um troço muito estressante.

No caso do meu modelo aí em cima, ele estava além de qualquer percepção. Consegui alguns minutos de uma pose bem natural com um controle de Playstation3. Enquanto ele não conseguiu terminar a missão, eu consegui um raríssimo retrato de um menino de onze anos quieto e sem quebrar nada. A pose durou quase sete minutos - foi o que eu tive para trabalhar.

Claro! Tem um jeito mais fácil de fazer criança ficar parada: tirar uma foto! Se bem que, podem observar, toda criança fica absolutamente imóvel na hora de filmar alguma gracinha e não para quieta na hora da foto - mas é possível. O problema da foto é o óbvio: falta movimento! Na foto acima, vemos as limitações do grafite para retratar o comediante Seth Meyers, mas também falta expressividade no desenho. Por mais expressivo que o ator seja, o desenho é uma OUTRA LINGUAGEM.

Vejam, por exemplo, a foto desta coisinha de rico, deste pitéu:
Claro! O que todo mundo diz numa hora dessas? Eu quero um desses prá mim! Aí você se inspira para fazer um personagem, para criar uma história, uma ilustração... Mas como já foi colocado aqui no post anterior, a gente tem que ir um pouco além da foto - porque o desenho é UMA OUTRA MÍDIA.
Pronto. Peguei um Roy Dupuis (ator canadense) que estava muito jovial para o personagem que eu queria e aumentei um pouco a testa, um bico de viúva para dar uma aparência mais draculesca e temos um anti-herói, um herói misterioso ou um vilão irresistível. Depois de estudar bem a anatomia do ator original mudei o que me interessava, estudei o personagem e fiz um desenho que possa ser mexido. Eu não posso ficar fazendo referência a fotos para todo e qualquer trabalho! Bom. Tem gente que faz, mas o ideal, para ser mais independente, é estudar a anatomia e saber bem como mexer nela sem bagunçar a proporção.

Está aí o personagem mais ou menos assentado, com suas particularidades, seu traço simplificado para ser repetido e repetido nos quadrinhos ou para ganhar uma identidade mais própria, mais misturada com a do artista na ilustração.
Só falta achar editora nacional que publique quadrinhos... Mas isso é outro drama. Vamos produzindo. Vai pra gaveta, mas um dia ele sai de lá!


3 comentários:

  1. Ótimo Patrícia! Estou começando a desenhar e estudar desenho. Estou usando suas postagens por completo. Você está contribuindo tanto positivamente para meu desenvolvimento.

    Parabéns.

    Herbert Fernandes

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  2. Fico feliz ao encontrar um site ou blog como o seu que desperta e incentiva a manifestação artística nas pessoas, é o que também busco fazer com o meu trabalho fornecendo aulas grátis de desenhos e pinturas. Parabéns e fique com Deus!

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  3. Uma pena ter parado com o Blog. Realmente, uma pena! Suas postagem eram ótimas!

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